Seu filho parece estar “quentinho” demais. Você checa a testa dele com as mãos, com os lábios. Busca o termômetro. Em minutos o diagnóstico se confirma. Ele está com febre! Aquela sensação de impotência alcança você. E, por mais que os pediatras afirmem que em 95% dos casos a febre é menos grave do que parece, haja tranquilidade para encarar dessa forma, especialmente em tempos de gripe suína, por exemplo, em que esse é um dos primeiros sinais. Independentemente de ser apenas um estado febril ou uma febre alta, o assunto preocupa. Muito! Por isso é responsável pela maior parte das consultas com o pediatra – e das ligações que eles recebem também.
Falar com o médico dá a sensação de que você não está parado, esperando, e sim fazendo alguma coisa pela criança, e as mães – sim, como você suspeitava, as mulheres são as que mais falam com o pediatra – ligam mesmo. “Recebo em média quatro ligações da mesma mãe confirmando as instruções que havia passado. Aconselho que sempre mantenham a calma. O medicamento fará efeito, mas nem todas conseguem esperar”, diz Gelsomina Colarusso Bosco, pediatra do Hospital e Maternidade São Luiz (SP).
É fundamental ter confiança no pediatra e seguir à risca todas as recomendações. “Fique atento aos sinais que acompanham a febre. Crianças com vômito, diarreia, manchas na pele, apatia, sonolência ou agitação devem ser atendidas rapidamente”, afirma. Faz diferença saber disso? Sim. Esses sinais podem ser um indício de uma doença grave. Nesse caso, fale com o médico (e conte os detalhes) ou vá para o pronto-socorro. O importante é fazer o diagnóstico rapidamente e tratar a doença que causa a febre.
A maior temperatura que o filho de Paula Regina de Sousa, 23 anos, mãe de Caio, de 1 ano e 6 meses chegou foi 39,9° C, aos 10 meses, por conta de uma virose. Mas ele estava bem, não parecia tão abatido pela doença. Já a mãe... “Para mim, a febre é pior que um machucado grave. Só de pensar, fico desesperada. Ele quebrou o dedinho, se cortou e caiu. Consegui manter a calma, mas com febre é diferente. É a maior situação de fragilidade para uma mãe. É algo que foge do controle. Cheguei a ligar para o meu marido chorando”, diz.
Dá para controlar a ansiedade, sim
Quem disse que seria fácil manter a calma? Nosso instinto não permite que fiquemos tranquilos diante de um filho doente. Mas perder completamente o controle é outra história. Por isso é tão importante que você saiba tudo sobre febre – inclusive o que é mito e quando deve agir (veja o quadro abaixo) .
Para começar, ela dificilmente vai causar danos cerebrais. O organismo tem controle sobre a temperatura. É como se o corpo da criança soubesse até onde pode chegar para não “estragar” nada. Casos mais graves são raros e não estão necessariamente ligados à febre alta. A convulsão febril atinge cerca de 5% das crianças entre 6 meses e 6 anos. Em alguns deles, a temperatura corporal pode ser de 37,5° C, o que indica que ocorre também com febre baixa. Na maioria dos casos é benigna e não deixa sequelas.
O que também causa desconforto são os conselhos, que chegam de todos os lados. Como em vários assuntos que estão relacionados à sáude do bebê, todo mundo vai ter uma receita mágica – ou uma história terrível – para deixar você de cabelo em pé e ainda abalar a sua segurança. Camila Conte Colombini, 29 anos, mãe de Beatriz, 2 anos, que tem bronquite, cansou de ouvir histórias que a deixavam com mais medo. “Dei um basta e decidi ser mais racional”. Ela combinou com o pediatra o que chama de procedimento padrão. “Dou antitérmico nas primeiras 24 horas e fico monitorando. Se a febre não baixar, ligo para ele” – não custa lembrar que isso não vale para todo mundo. Afinal, cada um deve ter o próprio “combinado” com o médico, e que isso só vale quando apenas a febre aparece, e não outros sintomas associados. Você pode ter um acordo também para emergências. Quem sabe assim não dê para encarar a febre com um pouco mais de tranquilidade?
SE A TEMPERATURA SUBIR BEBÊS DE ATÉ 3 MESES Qualquer temperatura acima de 37,8° C merece atenção especial porque a chance de ser uma doença grave é maior. Retire o excesso de roupa. Cheque a temperatura após 30 minutos. Caso não tenha baixado, ligue para o médico imediatamente. CRIANÇAS ACIMA DE 4 MESES Abaixo de 37,7º C: segundo os especialistas, não é necessário nem medicar (nem ligar para o médico) nem correr para o PS. Tire a temperatura a cada hora para ver se ela evolui. Se for 37,8º C ou mais: ligue para o médico. Ele vai indicar um remédio ou pedir para ver a criança. Ação do remédio: leva até duas horas para baixar 1° C. Se depois de três horas não baixar, o médico pode trocar o remédio. Duração: depende da causa. As mais comuns, provocadas por viroses e amigdalites, levam de 24 a 72 horas para passar. Mas, se ficar estável por até 48 horas ou se piorar, ligue para o médico. Cuidados a mais: faça compressas e banhos mornos 30 ou 40 minutos depois de medicar. Nunca ponha álcool na água da banheira pelo risco de inalação do vapor nem dê banho na água fria. Opte pelas roupas de algodão e ofereça água (ou o peito).revistacrescer.globo.com |
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